quinta-feira, março 08, 2012

Primeiros encontros

Por aqui não é comum a coisa do primeiro encontro, né? Pelo menos não nos moldes dos primeiros encontros dos filmes hollywoodianos, ou mesmo ingleses, em que as pessoas saem pra se conhecer, ficam na expectativa se vai rolar um beijo ou não, se o outro vai ligar no dia seguinte...

Aqui, quando um casal sai junto, normalmente ao menos o beijo já foi consumado em uma festa, na balada... Há menos expectativa e há um acordo tácito de que em algum momento vão ficar juntos.

Estava zapeando e acabei parando no TNT pra asistir um filme com a Alyssa Milano, em que ela tem que escolher entre dois caras e pra isso sai em diversos encontros com cada um. Um é rico e bem sucedido, o outro um aspirante a escritor. Vão sendo mostrados os contrastes entre os encontros em que cada um a leva. Porque é claro que é o cara quem escolhe o programa, pois as mulheres são acéfalas e incapazes de escolher o que querem fazer. Tá, tá... Eu sei que quando vocês meninos perguntam, elas respondem "você é quem sabe", e isso é deveras irritante (e um indício de que talvez seja melhor desmarcar com essa e sair com uma que dê uma resposta assertiva).

Quanta divagação! Bem, só consegui ver 20 minutos do filme - que é muito ruim! Mas vendo a fofa sendo levada a um campo de golfe, a um restaurante badalado, a um parque, a um mini-golfe, fiquei pensando em quantos programas de índio as pessoas vão e fingem gostar, na expectativa de encontrar "a pessoa".  Lembrei-me da série britânica Spoons, que tem sketches com uma mulher super entediada, em situações absurdas, e o cara super empolgado pergunta algo como "é a primeira vez que você sai num blind date?" Lembrei-me ainda do filme "Como se fosse a primeira vez", no qual o protagonista deve conquistar a mulher a cada dia, como num primeiro encontro.

Se a primeira impressão é a que fica, qual seria pra você o primeiro encontro ideal? Algo épico como um voo de balão? Algo simples como um café no meio da tarde? Agendado ou inesperado? Previsível e seguro ou surpreendente e inusitado?

E qual seria a maior roubada, aquela que faria você atravessar a rua se avistasse a pessoa depois do desastrado evento?

domingo, março 27, 2011

Como eu aprendi a parar de me preocupar e amar o U2.

O ano: 1990. O Brasil tinha acabado de eleger o primeiro presidente de forma direta, após longo período de ditadura militar. Eu, com apenas 12 anos, havia ajudado um pequeno grupo em um comitê do Lula a distribuir santinhos na rua, preparar lanches para os voluntários, organizar o material de campanha e tudo o mais possível pra uma menina de apenas 12 anos.
Não digo que eu tivesse consciência política ou entendesse bem o que acontecia, à época. Mas era algo intuitivo. Simplesmente me parecia mais certo o Lula do que o Collor.
Minhas aulas favoritas eram as de história. Me interessava muito por como os acontecimentos se encadeavam, como uma coisa levava à outra. Adorava entender o porquê dos fatos. E foi numa aula de história sobre o Domingo Sangrento na Rússia que uma amiga perguntou se era o mesmo domingo sangrento da letra da música do U2. Nunca havia prestado atenção nessa banda. E já ouvia punk rock, hard core, era fã do Bad Religion, principalmente porque meu irmão mais velho era skatista e eu costumava andar com seus amigos, aos quais eu devo a base do meu gosto musical.
Mais uma vez por intuição, o punk e, mais especificamente o hard core, me tocavam de alguma forma. Aquele som, aquela atitude, faziam muito sentido pra mim e parecia ser a trilha do meu modo de ver o mundo. De qualquer forma, fui procurar a tal música "Sunday bloody sunday", porque uma banda que trata de fatos históricos merece alguma atenção. Descobri que o domingo sangrento de que trata é outro, ocorrido quase 70 anos depois na Irlanda. Bem menos conhecido internacionalmente e pouco falado nas aulas de história.
E assim se deu meu primeiro contato com o U2: através de uma amiga de quem eu gostava muito, que era fã da banda e a trouxe numa aula de história. Na casa dela vi o vídeo daquele irlandês marchando com uma bandeira branca, cantanto sobre um massacre em sua terra, falando de amor, de igualdade, de justiça, de humanitarismo. Bem... tudo o que, mesmo sem entender direito, fazia sentido pra mim, me movia, me causava.
Fui desde então acompanhando a carreira da banda e os feitos do Bono. E, mesmo que anos depois eu não possa dizer que o U2 tenha o mesmo peso na minha vida que tiveram as bandas de punk rock, e que ainda tem e sempre terá o Bad Religion, ela é, e desconfio que sempre será, uma banda que me acompanha, que retorna de tempos em tempos e que fala muito do que eu penso sobre o mundo. Com alguma dose de breguice, é verdade.
Ontem fui ao cinema ver U2-3D. Achava que não ia me empolgar tanto. Nem tava ligando muito de não poder ir ao show, apesar de ter ingresso. Até ver o filme... Ah, como Bono ainda move essa menina de 12 anos que mora em mim. Ah, como os acordes tão familiares do Edge ainda me dão vontade de dançar e como aquele espetáculo todo me faz querer pular e cantar junto. Como eu gosto daquela mensagem de que um mundo melhor é possível e só depende de nós.
Hoje entendo os processos históricos de outra forma, vislumbro formas de ação que podem ajudar na construção desse mundo melhor, leio e estudo história, política, relações internacionais, direitos humanos e humanitários. E um mundo mais justo não é apenas uma utopia, mas uma realidade possível, apesar de todas as dificuldades e apesar de não ser um mundo perfeito, apenas melhor de que o que vivemos. Mas não tem jeito, a menina de 12 anos vai sempre morar em mim. E ela gosta de U2. Muito! 
E fala a verdade... Se os direitos humanos e humanitários são a sua causa, tem jeito de não admirar esse cara?


sexta-feira, março 18, 2011

Cuidado, Angeli! Muito cuidado...

Lembro que uma das tirinhas que me despertou o interesse por quadrinhos na vida adulta foi "Los três amigos", uma co-autoria do Angeli, Glauco e Laerte. Esses três, mais o Adão, que se tornou colaborador e quarto amigo mais tarde, viraram meus cartunistas favoritos. Meus e da torcida do Flamengo. São ícones absolutos da arte no Brasil.

De tanto matar Miguelitos por esporte, acho que acabaram alvo de alguma maldição desses pequenos mexicanos dizimados por Angel Villa, Glauquito e Laerton.

O fato é que, um a um, os três amigos estão adotando comportamentos bizarros e tornando-se adeptos de inimagináveis esquisitices.

O Glauco, todo mundo se lembra: foi assassinado por um membro de sua religião. E por sua religião, não quero dizer religião à qual pertencia. Não. Ele fundou uma religião chamada "Céu de Maria". E não pára por aí. Nos ritos dessa comunidade há o consumo do daime, aquele chazinho alucinógeno feito da ayahuasca.  Sim, caros leitores... O criador do Geraldão conduzia delírios coletivos, compunha hinos, rezava o terço e bailava noite adentro sob o efeito de uma erva psicotrópica!

E hoje, soube pelo Dudu que o Laerte, já há algum tempo, tornou-se crossdresser. É isso mesmo que você está pensando. Ele se veste de mulher. Não, não é gay. Tem namorada. Mas só se veste de mulher. Faz as unhas, se depila, usa saias, vestidos, cortes femininos. Aquele que já nos arrancou risadas altas com seu Deus, hoje se veste de menina.

E então, vamos fazer um bolão sobre qual vai ser a esquisitice do Angeli? Eu aposto em algo como só falar  Klingon, virar ativista do ETA ou Grão-vizir do Kim Jong-il.

E o Adão... Escapa?

segunda-feira, março 14, 2011

Eu num sô doido, não, dotô!

Esse é o mote repetido todo dia, o dia todo, por todos os usuários do Cersam.

Um deles toca hinos evangélicos no violão e canta a plenos pulmões, acompanhado da voz acutíssima de uma colega sua da permanência dia, que carrega um buquê de flores murchas que ela mesma confeccionou.

Na porta do plantão, um desdentado de dicção difícil exige, pela quinta vez no dia, ter uma conversa séria com o dotô. Pra dizer que não é doido, não, claro.

Um outro vem com seu constante cigarro aceso entre os dedos pedir, de novo, autorização para ir resolver seus assuntos na rua, pois ele não pode ficar ali parado o dia todo, não. 

Uma senhora questiona uma técnica o porquê de ela ir ali todos os dias... Fazer o quê?

Uma mulher maquiadíssima vem entregar um vaso de violetas para sua técnica de referência, voltando a cada cinco minutos para perguntar se ela ainda não terminou o atendimento a outro paciente.

Estagiárias de enfermagem fazem pipoca e distribuem para os usuários.

A plantonista tenta apresentar o serviço à nova psicóloga da rede que atuará num centro de saúde do distrito atendido por esse Cersam, sendo interrompida pelo telefone diversas vezes.

O motorista quer saber a quem deve buscar e para quem deve somente levar a medicação; a equipe de enfermagem quer saber a quem e qual medicação deve ministrar; a família pergunta como distrair um usuário que não quer ir à instituição, enquanto o SAMU não chega; há três acolhimentos a serem feitos; é preciso fazer busca ativa a um paciente que abandonou o tratamento; um outro se recusa a sair do porão onde mora e precisa de uma visita domiciliar.

São apenas 9h da manhã e tudo isso acontrece ao mesmo tempo. Não há nenhum profissional reclamando, todos sorriem e acham graça de toda a confusão. Priorizam, organizam e realizam suas tarefas. Todas urgentes.

A loucura ensina tanto sobre tolerância, paciência, respeito às diferenças e humildade!

Que bom que abrimos os portões dos manicômios e permitimos que a loucura circule pela cidade. Ela tem muito mais a oferecer-nos do que nós, supostamente normais, àqueles que a portam.


quarta-feira, fevereiro 23, 2011

Por onde andam as Amelies?!


Toca meu celular. Um número que não conheço.
- Alô.
- Alô, Pollyanna?
- Sim.
- Oi, aqui é a fulana. Nós fizemos pós juntas...
- Ah, sim! Como você está?
- Tudo bem. Desculpa te incomodar, mas é que tava precisando de uma ajuda...
- Claro!
...
...
...
- Oi, fulana! Em que posso te ajudar?
- Achei que você estivesse sendo irônica e já esperava você dizer que tá muito ocupada.
- Mas eu nem sei do que se trata ainda.
- É que você é a quinta pessoa que ligo.

Não é impressionante que alguém se surpreenda e fique sem reação ante a disponibilidade e presteza de uma conhecida a quem se pede ajuda? Não é nem que eu tenha me oferecido. Ela pediu, eu me dispus a ouvir. Nada mais do que isso.
Não é impressionante que outras quatro pessoas, com quem ela passou longos sábados por um ano e meio, tenham se recusado a pelo menos ouvir do quê ela precisava?
Disponibilidade é algo cada vez mais escasso. Não apenas em relação a estranhos na rua, por medo, por exemplo. Não apenas em relação a conhecidos, com quem não convivemos muito, por desisnteresse ou falta de envolvimento. Mesmo entre amigos tem sido raro ver dedicação de tempo e energia em prol do bem-estar alheio, de forma meramente altruísta.
O pior disso tudo é que a gente tem se acostumado a viver assim. É estranho quando alguém pára no cruzamento para o pedestre, ou segura a porta do elevador para desconhecidos. É desconfortável ligar para um amigo e pedir ajuda, conselho ou orientação. E é cada vez menos comum receber pedidos de ajuda.
Fico muito brava quando alguém me conta de uma situação difícil por que passou e que eu podia ter amenizado de alguma forma. Quase sempre a pessoa se desculpa dizendo "não se preocupe, está tudo bem agora". Amigos não são só pra quando está tudo bem. Os humanos somos seres essencialmente sociais e vivemos em comunidade não é por acaso.
Quando cuidar uns dos outros e estar presente uns para os outros deixou de ser importante? Quando a gentileza deixou de ser algo natural e passou a ser um gesto digno de admiração e gratidão? Não recebi o memorando.
As pessoas deviam ver, ou rever, este filme:


quinta-feira, fevereiro 10, 2011

Get up, stand up!

Há algum tempo conversava com amigos sobre nossas preocupações com o jovem médio. Nossa discussão circunscrevia-se ao gosto musical e, parece-me hoje, ao jovem brasileiro. Não me lembro de termos mencionado a juventude mundial ou a juventude brasileira mas, pensando nos exemplos que nos preocupavam, todos remetem à audiência de Malhação, fãs de Restart e novelinhas da Disney, ouvintes de Justin Bibier... Enfim, jovens que conhecemos, convivemos e vemos crescer.
Pelo twitter, tenho tido acesso a informações acerca de assuntos que me interessam ou que me são necessários para a empresa a que me propus há algum tempo: ingressar no Instituto Rio Branco. Informações às quais acessava com maior dificuldade, mais esforço para buscá-las e que hoje, simplesmente adicionando o twitter de instituições e jornais à minha timeline, estão disponíveis e a apenas um clique do mouse. 
E o que tem uma coisa a ver com a outra? Bem, da mesma forma que tais informações estão disponíveis a mim, também estão a quem quer que tenha uma conta no twitter, no Facebook, que é uma maioria expressiva de... Jovens. 
O atuais eventos no Oriente Médio, nomeadamente no Egito, mostram a força potencial de tais mídias como ferramentas de mobilização social, de informação, de comunicação e de conscientização política. 
Muitas das instituições que se propõem a fazer do mundo um lugar melhor e mais justo já perceberam isso e têm utilizado tais ferramentas para espalhar suas ideias e recrutar os jovens que, em última instância, são quem pode tomar as rédeas e conduzir os rumos do planeta. São, além de tudo, quem pode trazer novas ideias e propor novas ações num mundo completamente novo e em constante mudança, o qual nós adultos, por esforçados e interessados que sejamos, não conseguimos apreender totalmente. Mesmo com contas no Twitter, Facebook, Skype, MySpace ou qualquer outra ferramenta à disposição na rede mundial.
Nós adultos tentamos entender como funcionam e como utilizar os inventos desses jovens, nos admiramos com o fato de uma revolução começar pelo twitter, arrastando milhares de jovens para a rua e, os mais espertos de nós, tentam ainda pensar como utilizar isso de forma produtiva e positiva. Porque isso só a maturidade nos dá.
Não conheço jovens ao redor do mundo. Convivo apenas com jovens brasileiros. E esses vejo adicionarem às suas timelines artitsta famosos, twitters de humor, fakes e afins. Espero que isso não seja uma amostra do que acontece no mundo e que a informação que realmente possa fazer diferença não chegue apenas terceirizada, reencaminhada por um de nós, adultos. Os levantes no O.M. me dão esperança.
Foi pelo twitter que soube do concurso de redação e vídeo do Banco Mundial, cujo tema é migração de jovens. Para participar é preciso ter entre 18 e 25 anos. O tema da migração vem preocupando diversas instituições internacionais já que o fenômeno vem ocorrendo de forma cada vez mais intensa e com motivações cada vez mais variadas - pobreza, melhores condições de trabalho, guerras e guerrilhas, política e religião, fenômenos e catástrofes naturais.
Ainda pelo twitter, soube da Cúpula da Juventude, organizada pela Anistia Internacional, que terá lugar em Berkley, na Califórnia, precedendo a reunião anual da organização. 
Esses são apenas dois exemplos de como organizações de extrema relevância para o destino da humanidade estão interessadas em ouvir os jovens e, mais do que isso, em engajá-los em sua causa. Precisamos todos que os jovens se interessem e queiram construir o mundo no qual atuarão, criarão suas famílias e viverão suas vidas. Como será esse mundo depende, e sempre dependeu, mais dos jovens do que dos adultos.
Não sei se num nível global esse esforço das instituições tem surtido efeito. Por aqui, no entanto, vejo muito pouco. E isso me preocupa. Será que o que nossos pais passaram durante a ditadura e o que nós mesmos passamos (sem precisar tanta doação e sacrifício, é verdade) durante a "década perdida" acabou por criar um ambiente propício à acomodação e ao desinteresse? Vivemos num país democrático, graças a nossos pais. Vivemos num país de moeda forte e certa estabilidade política e econômica, e de franco crescimento social, graças a nós mesmos. Seria isso motivo suficiente para os jovens pensarem que não têm nada a fazer? Estivemos tão envolvidos em nossa própria dura realidade e tão voltados a curar nossas próprias feridas, que  criamos uma geração incapaz de enxergar o mundo além das fronteiras, a não ser como objeto de desejo e cobiça para férias e intercâmbio?
Esses jovens cresceram ganhando celular aos cinco anos, discutindo sobre os lançamentos do Playstation com o filho da faxineira, comparando os aplicativos do iphone com o motorista. O jovem sai cedo da favela para trabalhar de empacotador no supermercado e depois ir ao cursinho pra tentar vestibular no fim do ano. E vai ouvindo seu ipod (ou similar) no ônibus. É verdadeiramente uma vida muito diferente da que tivemos nós que temos mais de trinta. Quem de nós não se lembra de ter de ajudar a avó a entender mais uma troca de moeda? Ou de enfrentar uma fila com o pai pra tentar comprar carne, que havia desaparecido do mercado? Ou ainda que não conhece alguém que faliu com o confisco de sua poupança?
Tudo tem efeitos colaterais, é verdade. Mas espero que o custo do desenvolvimento que finalmente estamos conseguindo (ainda incipiente, lembremos!) não seja a alienação e a indiferença. Espero que os jovens brasileiros se lembrem de que ainda há o sertão nordestino, o Haiti, o Egito, as duas Coreias, Tuvalu. E que nem tudo é Copa 2014, Olimpíada 2016 e pré-sal. Espero que adicionem a Anistia Internacional, a ONU, o Banco Mundial, TED e outros em suas timelines, ainda que o Pedreiro Online e a Real Morte sejam mais divertidos, e que o BBB não faça pensar.

Why so serious?

Pensando no tom de recrutamento e de apelo da convocação da Anistia Internacional linkada aí acima, lembrei-me desse video deveras divertido que me foi apresentado por amigos há muito tempo atrás:


Em tempo: Acabo de ler essa matéria no Observatório da Imprensa. Espero que sirva de inspiração.

sábado, fevereiro 05, 2011

Coisas extraordinárias

Há alguns dias, o Mau, my awesome friend, publicou no FB sobre o livro de Neil Pasricha "The book of awesome", derivado de seu blog "1000 awesome things". Ele mencionou no post que o autor tinha ministrado uma palestra no TED, então fui procurar o vídeo (já com legenda em português, é só selecionar) para assistir. Desde então tenho pensado numa cena belíssima do seriado (já extinto) Ed, em que o protagonista pede sua namorada em casamento. Eles são amigos de infância, cresceram jutos, foram namorados na adolescência, mas Ed deixou a pequena cidade onde viviam e foi viver na metrópole. Ed faliu e acabou voltando pra sua cidade natal, onde passou a administrar um boliche e tratou de reconquistar seu antigo e inesquecível amor.
Historinha clichê e sem grança,certo? Mas não era o argumento da série que a tornava interessante, mas os personagens. Pessoas adoráveis, divertidas, comuns. E havia cenas lindas, com as quais qualquer um podia se identificar. A minha favorita me foi enviada pela Fêfa há muito tempo, quando eu já nem me lembrava dessa série mais. Mas ela é definitivamente a mais bela cena de pedido de casamento da ficção... Incluindo tv, cinema, literatura, música...
Assistam e derretam-se. E, guys, inspirem-se, já que essa função costuma ser de vocês! O "sim" é garantido, mesmo que não seja um pedido de casamento, mas de desculpas, ou apenas uma declaração. Essas duas últimas opções servem pras meninas também.


Resolvi trabalhar eu mesma numa listinha das minhas coisas favoritas. De novo. Havia feito um post com minhas 25 coisas favoritas em janeiro de 2008, quando a Fêfa me enviou esse mesmo vídeo. Mas na ocasião não as listei numa ordem particular. Foi divertido, depois de fazer a lista atual, comparar com a antiga. Muitas coisas permanecem. 
Intencionalmente excluí coisas específicas com pessoas específicas, uma vez que tais coisas costumam ser grandiosas, e eu queria listar apenas coisas que podem ser simples, triviais, que se tornam extraordinárias sob nosso olhar subjetivo.

Lá vai:

1 - Ouvir pela primeira vez uma música excelente;
2 - Abraço;
3 - Viajar;
4 - Sexo devagar, sem pressa;
5 - Dançar até cansar;
6 - Beijar ao som de Portishead;
7 - Descobrir um autor que não conhecia e apaixonar-me por sua obra;
8 - Ir ao show de uma banda que adoro;
9 - Ler um autor de que gosto e ter aquela sensação de "é isso mesmo!";
10 - Banho demorado e quente, cheio de óleos, e creminhos, e sabonetes de toda sorte;
11 - Estrada com playlist;
12 - Experimentar (e gostar) uma comida nova;
13 - Tomar uma Coca muito gelada quando estou com muito calor;
14 - Ficar de preguiça debaixo do edredon;
15 - Chocolate na TPM;
16 - Playlist com minhas músicas favoritas;
17 - Chorar de rir;
18 - Supresas;
19 - Tulipas vermelhas;
20 - Vestidinhos curtos, leves, confortáveis. Preferencialmente verdes ou azuis;
21 - A vista das montanhas;
22 - Lingerie nova e linda que não machuca e não incomoda;
23 - Andar descalça;
24 - Que me façam sorrir quando estou de mau humor;
25 - Conhecer um novo sabor de chá.

E você... Tem sua lista?

terça-feira, fevereiro 01, 2011

Massive Attack - The concert



Até hoje não havia postado sobre o show do Massive Attack, que ocorreu em novembro último. Queria falar dele com distanciamento, sem aquela empolgação pós-show que obnubila o julgamento. Havia feito uma imersão na obra da dupla no período anterior ao show, depois de muito tempo sem ouvi-los, e estava sob forte influência do som e das letras à época.
Hoje, pensando em perspectiva, tendo já ouvido muitas outras coisas novas e velhas, posso afirmar que minhas impressões são exatamente as mesmas do dia seguinte ao show. E são todas muito boas.
O Massive Attack é uma dupla inglesa com uma grande entourage de músicos e cantores. Todos excelentes e muito sintonizados entre si e com a dupla. Parece uma banda veterana, com anos de carreira conjunta. A qualidade das músicas não me surpreendeu, pois já as conhecia. Mas a performance, sim, surpreendeu de forma muito positiva.
Começou tranquila, com uma alternância entre músicas antigas e do álbum recém lançado, com um belo painel de led ao fundo do palco. Um show que poderia ser assistido sentado, apreciando o som e o visual simples. Muito diferente de um show de rock. O som é cheio, toma conta do lugar, prevalece o grave, os cantores não são mensageiro de nada, a voz é mais um instrumento. E todos os sons são complementares, formando uma unidade impossível numa música de rock, em que podemos gostar muito do solo da guitarra, mas sequer perceber o baixo, por exemplo.
Pela metade do show, ele começa a ficar mais empolgante e estimulante, a guitarra ganha muito espaço no palco e as luzes ficam alucinantes. O painel de led vira uma atração em si, vira protagonista do qual é impossível tirar os olhos. O show todo ganha um ar onírico. A versão ao vivo de cada música é muito, muito mais pujante do que a versão de estúdio. O show torna-se, então, uma experiência só possível ali, diante do palco. Pois a música não é a que você escuta no disco, o visual hipnotiza e transmite mensagens que levam o público a sorrir, a gritar, a sentir um nó na garganta ou um soco no estômago. Enquanto dança e canta, todo mundo lê atentamente o que aparece no painel, em português - interação calculada e garantida.
Uma obra completa, uma experiência áudio-visual, não uma reprodução das faixas dos álbuns. Um dos melhores shows a que já fui, e um dos poucos que é tudo o que um show - de música em geral, não de rock - deve ser.

Essa música do vídeo aí acima - Safe from harm - é uma das que ganha uma versão ao vivo muito mais interessante. Eu adoro essa letra. Adoro a passionalidade e parcialidade, e o tom levemente belicoso, hehehe.

But if you hurt what's mine
I'll sure as hell retaliate

You can free the world you can free my mind
Just as long as my baby's safe from harm tonight


terça-feira, janeiro 18, 2011

A boa morte

A morte é, em geral, muito temida e associada a algo ruim. Não sei porque pensava nisso hoje quando acordei, mas me lembrei de ter conhecido alguém que morreu de "ai, Tereza". A conclusão foi inevitável: há morte boa!
O Coronel Emiliano, personagem do romance Tereza Batista cansada de guerra, de Jorge Amado, morreu ao fim do ato sexual com Tereza, mulher baiana, sensual, típica dos romances do autor. Quem pode dizer que não foi uma morte feliz? Invejável mesmo...
Quanto à pessoa que conheci, que morreu de "ai, Tereza", não sei dizer se ele estava feliz, apaixonado, se a mulher valia a pena... Só sei que foi durante o ato. Não pode ter sido ruim.
Transcrevo aqui o trecho da morte do Coronel Emiliano, acreditando ser esse o melhor jeito de morrer:


"Nua de trapos e lençol mas coberta de beijos, anelante, recebe-o por cima e com os braços e as pernas o prende e tranca contra o ventre; a cavalgada irrompe nos prados infindos do desejo. Incansável galope por montanhas e rios, subindo, descendo, cruzando caminhos, sendas estreitas, vencendo distâncias, crepúsculos e auroras, à sombra e ao sol, ao luar amarelo, no calor e no frio, num beijo de amor eterno, ai, Emiliano, meu amor, juntos atingem na hora exata o destino do mel. As línguas se enroscam, torna- se mais apertado o abraço quando os corpos se abrem e se desfazem em gozo. Ai, Tereza, exclama o amante e tomba morto."

quarta-feira, janeiro 05, 2011

Depois da tempestade...




Eu sei, eu sei... esse vídeo parece da Sandy e Cardigans é uma banda no máximo série B. Mas eu gosto de Cardigans, e gosto dessa música. E não me crucifiquem... Há quem goste Fábio Júnior, Coldplay, Nightwish...
A motivação pra postar essa música hoje é a letra: quero falar de tempestades. Quero falar de pessoas e coisas que têm o efeito de um furacão, uma guerra. Um efeito que destrói nosso mundo como o conhecemos e nos obriga a construí-lo de maneira distinta, melhor, mais forte e seguro. Quero falar dos Katrinas que passam por nossas vidas alterando-as para sempre, deixando efeitos indeléveis e levando-nos pra longe do Kansas...
Mais especificamente, quero falar do período pós-tempestade, pós-guerra, pós-furacão. No meio do vendaval ou sob a chuva de bombas só vemos devastação e sofrimento em ver destruído tudo o que construímos, conhecemos e acreditamos. Mas e depois? O depois é o momento mais interessante. Porque depois é hora de ver o que sobrou, de identificar o que era realmente sólido a ponto de sobreviver, contar os mortos, curar os feridos e, principalmente, reconstruir. Ah, como adoro esses verbos com prefixo "re"... recomeçar, reconstruir, refazer, reiniciar... porque eles impõem e implicam mudança, novidade. Nada é como era antes!
Precisamos disso de tempos em tempos, caros leitores. A calmaria engana, pois dá uma sensação de que está tudo bem. Mas ela imobiliza a paisagem. E sem movimento não há crescimento, evolução.
Sim, sou do tipo "eu semeio o vento na minha cidade, vou pra rua e bebo a tempestade." Não há período mais fértil, de maior crescimento, mais dinâmico do que o pós-tempestade. Nascem laços de solidariedade, brotam novas ideias, floresce a criatividade... vejam a Europa nos dois períodos pós-guerra, vejam Nova Orleans após o Katrina e, por que não? Vejam o Haiti finalmente descoberto pelo mundo, longe da indiferença a que sempre foi relegado.
Se uma tempestade tem um efeito assim sobre uma região, uma cidade, um país, imagine então uma tempestade na vida de um indivíduo! Celebremos as tempestades que passam por nós e nos deixam com o futuro em aberto, um campo fértil a ser semeado, uma área a ser reconstruída da maneira que quisermos... Que venham as tempestades. Em forma de pessoas ou de acontecimentos.
E deixo aqui um agradecimento a todas as tempestades da minha vida, que deixaram em mim marcas definitivas, me fazendo alguém melhor e mais resiliente. Agradeço àqueles que me venceram e me conquistaram pra sempre...


Você é a Tempestade


Oh, está cicatrizando 'bang, bang, bang'
Posso ouvir o chamado de seus canhões
Você esteve mirando a minha terra
Seu martelo faminto está descendo
E se você me quiser, serei seu país ...

Sou um anjo infernalmente entediado
E você é um demônio com boas intenções
Você move-se sobre minhas linhas, me abate de surpresa
Venha, hasteie sua bandeira sobre mim
E, se você me quiser, serei seu país
Se me ganhar, serei para sempre ...

Pois você é a tempestade de que eu ando precisando
Toda essa paz tem sido enganosa
Gosto da vida tranqüila e do silêncio
Mas é nesta tempestade que eu acredito!

Venha, conquiste, despeje suas bombas
Cruze minha fronteira e acabe com a calma
Ostente suas presas e queime minhas asas
Ouço o cantar das balas
E, se você me quiser, serei seu país
Se me ganhar, serei para sempre...

Pois você é a tempestade de que eu preciso
Toda essa paz tem sido enganosa
Eu preciso de vento para velejar
Por isso é nesta tempestade que eu acredito!
Você preenche meu coração, você me mantém respirando
Porque você é a tempestade em que eu acredito

E se você me quiser, serei seu país...