terça-feira, janeiro 18, 2011

A boa morte

A morte é, em geral, muito temida e associada a algo ruim. Não sei porque pensava nisso hoje quando acordei, mas me lembrei de ter conhecido alguém que morreu de "ai, Tereza". A conclusão foi inevitável: há morte boa!
O Coronel Emiliano, personagem do romance Tereza Batista cansada de guerra, de Jorge Amado, morreu ao fim do ato sexual com Tereza, mulher baiana, sensual, típica dos romances do autor. Quem pode dizer que não foi uma morte feliz? Invejável mesmo...
Quanto à pessoa que conheci, que morreu de "ai, Tereza", não sei dizer se ele estava feliz, apaixonado, se a mulher valia a pena... Só sei que foi durante o ato. Não pode ter sido ruim.
Transcrevo aqui o trecho da morte do Coronel Emiliano, acreditando ser esse o melhor jeito de morrer:


"Nua de trapos e lençol mas coberta de beijos, anelante, recebe-o por cima e com os braços e as pernas o prende e tranca contra o ventre; a cavalgada irrompe nos prados infindos do desejo. Incansável galope por montanhas e rios, subindo, descendo, cruzando caminhos, sendas estreitas, vencendo distâncias, crepúsculos e auroras, à sombra e ao sol, ao luar amarelo, no calor e no frio, num beijo de amor eterno, ai, Emiliano, meu amor, juntos atingem na hora exata o destino do mel. As línguas se enroscam, torna- se mais apertado o abraço quando os corpos se abrem e se desfazem em gozo. Ai, Tereza, exclama o amante e tomba morto."

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