Sigo estudando. O resultado negativo no último concurso não abalou minha determinação e, menos ainda, minha vontade. Fez senão esclarecer-me, iluminar-me mesmo, acerca dos passos a dar.
Têm-me questionado sobremaneira acerca dessa escolha tão difícil, da causa de não me abrir a outras opções e de dedicar-me novamente à Psicologia.
A verdade é que é caminho sem volta. Não escolhi "um" concurso. Escolhi "este" concurso específico, por ser condição à carreira específica que pretendo seguir.
Pratiquei por anos a carreira para a qual me formei. Pratiquei com amor, com dedicação, com alegria e entusiasmo, a despeito das muitas e grandes dificuldades a ela intrínsecas. Encontrei muita satisfação nessa prática, mas sempre avistei limites, muros na profissão de psicóloga. Pude estendê-los para mais longe optando pela Psicanálise, ampliá-los consideravelmente. Mas eles estavam presentes e começavam a se aproximar.
Quem me conhece sabe bem: preciso ver o horizonte. Só vivo saudavelmente no espaço aberto. É a infinidade de possibilidades que busco na carreira diplomática. O mundo.
Não. Não acho que seja uma carreira sem limites. Não se trata de tão ingênua busca. Limites, dificuldades, aborrecimentos os há em toda parte, profissão ou meio.
A psicologia e a psicanálise, mais especificamente, me possibilitavam atingir indivíduos. Às vezes pequenos grupos. O que é bom. Acredito no indivíduo e temo que a coletividade é o que estraga o mundo. A vida em sociedade é, ao mesmo tempo, nossa salvação e nossa ruína. O tal "mal necessário".
Meu desafio será defender e representar uma dessas coletividades: o Brasil, a nação e o povo brasileiro, com tudo o que tem de bom e de ruim. Reconheço a enormidade dessa empresa. Reconheço o quanto preciso ser humilde e mudar minha forma de ver as coisas, superar meus preconceitos, meus vícios de pensamento, meus preceitos.
Só peço que acreditem em mim. Tenho a meu lado muitos que bem sei que o fazem quase cegamente. Mas outros há que duvidam da validade de tamanho investimento. Que pensam que seria mais fácil acomodar-me a uma vida mais conhecida, conformada e "normal". Esses me conhecem bem pouco e a eles é que peço: tenham fé. Não só em mim, mas na necessidade de pessoas que se disponham a empenhar-se em tais objetivos, pois não sou a única. O número de candidatos à carreira diplomática mostra quantos acreditam nas possibiliades de um mundo melhor, de mais saúde, mais humanidade, mas ética através da diplomacia, representando um país que, cheio de problemas, vem crescendo cada vez mais no meu conceito, na minha estima e no meu orgulho. A isso voltarei oportunamente - o que tenho aprendido sobre o Brasil.
Por ora, digo que não me arrependo da escolha, não pretendo desistir, não se trata de teimosia. É só que cheguei a um "point of no return". Quem acha que estou me limitando, saiba que estou destruindo muitos muros que comumente nos cercam. Não abro mão de um abrigo confortável e seguro pra onde voltar, mas este já foi construído em bases sólidas. Só não deixarei que ele se torne uma cela.
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