Hoje, mais uma vez, recebi um mail cujo assunto era algo como "não deixe de ler", ou "bonita mensagem", ou "envie a uma amigo". Claro, era um texto de auto-ajuda, desses com pobreza de espírito e de estrutura que, há tempos vem circulando na internet e sendo atribuído a Borges.
É um poema de um suposto moribundo dizendo tudo o que faria de sua vida, se pudesse vivê-la novamente. Talvez encante a tanta gente pela obviedade de suas idéias, e porque as pessoas se identificam muito com esses arrependimentos por coisas não vividas.
Mas, conter idéias que passam pela cabeça de todos em algum momento, não faz dele um texto bom e, menos ainda, extraordinário. O que já é sufciciente prova de que o texto não pode ser de Borges.
Qualquer um que tenha mínima intimidade com os texto do argentino, percebe, já nas primeiras linhas do poema, intitulado "Instantes", que há um engano quanto a autoria.
E este não é o único caso de textos falsamente atribuídos a um determinado autor. Os casos mais conhecidos, além do supracitado, são de um outro poema chamado "Marionete", atribuído a Gabo, e um outro atribuído por vezes a Maiakóvski e por vezes a Bertolt Brecht, conhecido como "No caminho com Maiakóvski".
É lamentável tal tipo de confusão. E uma irresponsabilidade.
As pessoas hoje, que já não têm o hábito de leitura, recebem esses textos, lêem e passam prá frente. E saem por aí dizendo que gostam muito de Gabriel García Márquez, ou de Jorge Luís Borges, ou de Maiakóvski...
É uma maldade com a boa literatura e com autores tão geniais, creditarem a eles tanta mediocridade!
Dá vontade de dar reply prá quem envia e mandar que pesquise melhor, que leia Borges e não espalhe mentiras por aí... além desses e-mails chatíssimos!
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