O melhor show de rock da minha vida! Até o momento...
Sabe aquela banda da sua adolescência que você nunca parou realmente de ouvir? É o Pixies pra mim. Presença constante nas minhas playlists, não a considero a melhor ou maior banda de todos os tempos. Não tem as melhores letras, as que mais me emocionam. Mas tem uma sonoridade que sempre me empolga, que me deixa mais feliz e me faz cantar junto.
A banda acabou, a Kim Deal formou uma nova banda - Breeders, que era até legal, mas tava looonge de ser um Pixies. A banda voltou para alguns shows, tocou em Curitiba e eu acabei não indo. Agora estão em tour, mesmo sem um álbum novo. O show é composto de hits, mais ou menos como o Police fez.
A escolha era vê-los no SWU em Itu, ou em BsAs num show exclusivo da banda. Não tive dúvidas... era a melhor desculpa de todas pra voltar à capital portenha, uma das minhas cidades favoritas no mundo. Não que eu conheça muitas...
O show de BsAs não foi muito maior que o do SWU - teve apenas 4 músicas a mais, mas teve um público apaixonado, que estava ali exclusivamente pra ver o Pixies. E se tem uma coisa que o argentino sabe ser é apaixonado. É uma experiência impagável assistir a um show de rock na argentina.
Pulando o tempo todo, esgoelando todas as músicas com as mão pra cima e realmente vivenciando o momento. É isso o que vi e do que fiz parte no Luna Park no último dia 6. Muita diversão do público, muita diversão da banda no palco. Todo mundo se dedicando 100%.
O show não tem firula, não falação com o público, não tem pirotecnia ou super produção nenhuma. Tem músicos tocando rock com competência e com uma facilidade de impressionar. Tem um público que conhece o repertório, se empolga e se delicia com cada música do set, feliz por estar ali e poder aproveitar a oportunidade de ver o Pixies ao vivo. Simples assim.
Já vi U2 2 vezes. É uma experiência extraordinária. O público é composto por fiéis e o show parece um culto evangélico. Pelo menos aqui abaixo do Equador. Os caras vêm pouco por aqui e os fãs esperam muito pela oportunidade de vê-los. Os ingressos são caros e disputados. O espetáculo é grandioso, muito produzido, repleto de tecnologia, fascinante de ver e de ouvir. Bono é um pastor que conduz seus fiéis ao delírio, prega suas crenças e espalha seus valores pelo mundo. É um messias. Mas não é um show de rock. É uma superprodução pop, com músicos bons, mas não extraordinários. As músicas são boas, conhecidas, muitas empolgantes, algumas baladas, algumas com certo cunho político ou humanitário. É um espetáculo, não um show de rock.
Já vi Police 2 vezes. O público em Amsterdã era frio, quase blasé. O público do Rio era empolgado, grato, feliz e animado. Os três no palco... é difícil descrever com palavras. Músicos excepcionais, tocam como se estivessem tomando um café com a família na cozinha: algo natural, sem esforço. Sting é um guru, que faz com o público o que ele quiser. É alucinante cantar todos aqueles hits da adolescência de novo, junto com a banda e com dezenas de milhares na mesma vibe. É uma experiência transcendental. Mas não é um show de rock. É trabalho. A banda está trabalhando. Com a maior competência que já vi, mas trabalhando. Pode até se divertir eventualmente, mas está trabalhando. Tem uma sobriedade que não cabe num show de rock.
Já vi o R.E.M. O público canta junto os vários hits e até as músicas do álbum que estava sendo lançado. Michael Stipe hipnotiza a plateia e conduz o show como quer. A banda se diverte, interage com o público, fala de política, da experiência de estar ali, dança e curte junto. É um puta show de rock!!! Mas tem uma galera MTV, que tá ali porque conhece alguns hits do rádio e não se entrega totalmente. Não conhece bem o trabalho da banda e não pula o tempo todo, se emociona e se empolga o tempo todo. É uma minoria, mas tá ali, nos cantos, sem se empolgar com as músicas novas entoadas apenas pelos fãs de verdade. Mas é um puta show de rock!!!
Já vi Bad Religion nem sei mais quantas vezes. Os caras são mais low profile no palco, mas se divertem muito, interagem com a plateia. O público se entrega, pula, dança, canta hinos. É o que um show de hard core deve ser. Mas tem sempre uns meninos que estão ali porque se dizem punk rockers e todo punk rocker deve ser devoto do Bad Religion, a maior entidade do hard core. Em alguns anos, esses meninos vão largar seus skates, seus cabelos não serão mais coloridos e os álbuns do BR (se é que os teem) serão relíquia empoeirada em alguma prateleira. É um puta show de Rock!!! Obrigatório e pra se ver quantas vezes for possível. Mas não é uma once in a lifetime experience.
A lista seguiria por muitos e muitos parágrafos, mas acho que esses quatro são os que merecem maior destaque pela grandeza e importância das bandas.
Então chegamos ao Pixies. Se Frank Black não é nenhum messias ou guru, se não hipnotiza a plateia, se não é uma banda emblemática e longeva, que influenciou todas as demais de um estilo... por que foi o melhor show de rock da minha vida? Porque foi pura diversão, exposição de competência musical e conforto com o que faziam no palco. Porque, sem nenhum esforço, a banda curtiu aquele show junto com seu público. Porque o público era apaixonado, sintonizado com o grupo, animado, empolgado, grato e totalmente entregue. Não foi uma experiência coletiva, como o Police. Não foi um delírio coletivo, como o U2. Mas foi uma soma de experiências individuais de alegria e gratidão, de pura felicidade. Cada um experimentando e vivendo à sua maneira cada música, como se tivesse esperado a vida inteira pra ouvir aquela música ao vivo. Uma soma de entrega total! Isso foi o Pixies em Buenos Aires. Boa música, qualidade técnica, venue sensacional, vários hits entoados coletivamente, alegria e muita, muita diversão. Tudo o que se pode esperar de um show de rock.
Um comentário:
Estive nesse show e também achei do caramba. Pixies na argentia foi incomparável. O que foi ver o rapaz que vende Coca-Cola tendo que correr pra se abrigar quando começou o baixo de Debaser?
Dá uma olhada no meu blog: basf90minutos.blogspot.com
Postar um comentário