Confesso, hoje, que foi com pouco entusiasmo que votei em Dilma. Embora fosse ela a representante do projeto que eu quero e acredito para o país, não tive plena convicção ao apertar 13+confirma, como tive há 4 e há 8 anos. Desta vez, meu voto foi mais contra uma proposta que repudio do que de apoio à candidata que personificava minhas ideologias e esperanças.
Terminada a votação, passei a acompanhar a apuração dos votos e qual não foi minha surpresa ao perceber-me feliz com o resultado que se desenhava. Uma certa empolgação ia crescendo à medida em que me dava conta do que realmente o povo havia escolhido. Dilma, mais do que uma candidata, era um plano de ação para o país. Os eleitores não decidiram apenas quem vai presidir o Brasil, como eu supunha; eles optaram pelo caminho a ser seguido, o futuro que esperam e acreditam. E esse caminho é o do desenvolvimento e do pragmatismo.
O povo brasileiro me tirou de uma inércia de relativa descrença e pessimismo. Dilma, com seu
primeiro discurso de presidenta eleita, me ajudou a entender que o povo sabe escolher uma proposta mais do que uma personalidade. O povo escolheu não o carisma de Lula, mas a mudança de vida que lhes foi proporcionada e que está ainda em andamento.
Se do ponto de vista macroeconômico e da política externa temos políticas de Estado e não de Governo e, efetivamente não haveria muita diferença entre Dilma e Serra, do ponto de vista interno a diferença é expressiva.
Em seu discurso, que pretendo guardar para reler de tempos em tempos e comparar as promessas com as ações, Dilma conquistou minha confiança. As ideias simples nele delineadas se coadunam com o que acredito e com o que espero para a política brasileira. de longo prazo, não apenas para os próximos 4 anos.
Cito alguns pontos que me chamaram atenção no discurso e me devolveram a vontade política. Pontos que pretendo observar com atenção se estão de fato sendo cumpridos:
- Compromisso com um governo para todos, independentemente das posições políticas.
- Luta pela igualdade de acesso para homens e mulheres, fazendo disso algo cotidiano.
- Defesa da democracia, do direito à expressão, da liberdade, dos direitos humanos e da Constituição.
- Erradicação da miséria e promoção da igualdade.
- Convocação de todos, seja do poder público, seja da sociedade civil, a participar ativamente na construção de uma realidade mais justa.
- Busca pelo desenvolvimento do país e pela maior inserção global do mesmo.
- Reconhecimento da participação e do empenho do povo na edificação de uma nação forte.
- Promessa de continuidade e comprometimento com a política macroeconômica que vem melhorando a imagem externa do país.
- Cuidado e atenção com a melhoria do serviço público, com a saúde e a educação, bem como com o desenvolvimento sustentável, não apenas em bases ambientais, mas também sociais.
- Valorização do capital e do trabalhador nos mais diversos níveis.
- Comprometimento com a distribuição mais igualitária de riquezas.
- Respeito às diferenças.
- Transparência e qualidade na administração pública.
- Reconhecimento aos esforços tanto de aliados como de opositores.
- Superação da imagem de Lula e desejo de governar de maneira própria, espelhando-se e não abrigando-se comodamente a sua sombra, avançando no que ainda está incipiente ou sequer começou.
Esses são os pontos que me fizeram acreditar no governo de Dilma, que me convenceram de sua forte personalidade e de que será um governo de continuidade, sim, mas de um projeto e um ideal levados a cabo de maneira própria. Maneira que conheceremos ao longo dos próximos 4 anos e que poderemos legitimar ou não, como sói acontecer nas verdadeiras e maduras democracias.
Sugiro a todos que também guardem esse discurso, avaliem e cobrem sua materialização durante o mandato de nossa presidenta. É o que pretendo fazer.