Três da tarde, um trânsito infernal. Ouço uns gritos e percebo que o casal no carro ao lado discutia. Ele pergunta com um olhar nada amigável: - O que você quer da vida?
Refleti sobre o assunto alguns segundos e a resposta logo veio: neste instante, sentar na grama do parque e comer um algodão-doce, ou um sorvete, porque tá um calor da moléstia!
Mas hoje é segunda e o parque está fechado. E prá chegar à Afonso Pena, caminho do parque, teria que seguir pela Contorno, Brasil ou Getúlio Vargas, e o trânsito seguramente está igual ou pior do que este.
Antes de decidir ignorar a nova crise de rinite que tá começando, fechar o vidro e ligar o ar-condicionado, ainda pude ouvir o início da resposta da moça: - Aaah! Você não sabe?!
Então resolvi seguir a constante recomendação do Ézio e fui para o cantinho feliz na minha cabeça. O fantático mundo de Polly. E lá tinha grama, e sorvete, e algodão-doce, e o mesmo céu azul que eu via pelo pára-brisa, e que abriu depois da tempestade de verão que caiu durante o almoço. E tinha Nina Persson cantando, depois Chico Buarque. O shuffle do Ipod tava inspirado.
O mesmo sinal abriu pela quinta vez e andei mais dois metros.
Lembrando agora do casal, penso que amanhã vou chegar ao consultório e vou ouvir deles: - Eu não sei o que ela quer!
E vou ouvir delas: - Ele não me entende!
E aí não posso recorrer ao fantástico mundo de Polly. Portanto, vou voltar prá lá, enquanto ainda posso.
2 comentários:
Caramba, Potty! Este texto me deu esperança de viver!
gk
Caramba, Potty! Este texto me deu esperança de viver!
gk
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