quarta-feira, julho 28, 2010

Modernidade líquida

Desculpem-me pela referência intelectualóide aí do título... mas foi inevitável pensar nesse conceito criado pelo sociólogo Zygmunt Bauman quando me surgiu a ideia pra este post. É um conceito interessante e recomendo a todos os que se interessam pelas relações humanas que leiam pelo menos o "Amor líquido", do referido autor.
Agora vamos ao assunto do post, propriamente.
Hoje Dudu (que, ao contrário de mim, adora incursões em novas mídias, redes sociais e tudo o que é novidade no mundo virtual e/ou da tecnologia) me mandou um link de uma rede social para leitores. As pessoas podem cadastrar livros ou marcar obras já cadastradas como lidas, lendo, tenho, vou ler etc. Assim, são geradas listas dos "mais" em cada categoria dessas.
A ideia me pareceu inicialmente interessante, uma vez que boas indicações podem surgir daí, né? Aí fui lá dar uma olhada. E então vi as listas...
A primeira questão que me ocorreu é que pouco ali pode ser considerado "obra". Mas essa crítica é fruto do meu mau humor, eu sei. As listas coincidem com aquelas bancas que costumam ficar na entrada das livrarias "megastore" de qualquer shopping, que exibem os mais vendidos. Dan Brown do primeiro ao último, autores paquistaneses, afegãos e muçulmanos em geral, todos os Harry Potter  e assim sucessivamente. Ah... e a biografia do Michael Jackson, é claro!
Em suma, a tal rede social é inócua. Basta você ir a qualquer livraria e escolher um item em qualquer lista dos mais vendidos. Os "leitores" não apresentam novidades, livros inusitados... sequer os clássicos aparecem numa visita superficial à página.
Só posso concluir que a função da rede é a mesma de todas as demais que existem no mundo virtual com as mais variadas temáticas: exibir ao mundo o que estou fazendo, pensando, comendo, lendo, vendo...
E por quê? Pra quê? Que necessidade esquisita essa de nosso tempo, de ter de partilhar TUDO com estranhos? De ter que ter opinião e manifestar-se sobre tudo?
Tenho muita dificuldade em entender e adaptar-me à pós-modernidade, eu acho. Penso que sou anacrônica, analógica. Não entendo essa esquizofrenia social hodierna.
Sinto muito, mas não quero saber o que uma pessoa que acabou de ler o último da saga Crepúsculo, está lendo A Cabana e pretende ler As Crônicas de Nárnia pensa sobre literatura. Ou o que essa pessoa tem a me indicar. Também não quero discutir minhas opiniões com ela.
Por favor, não pensem que é uma crítica vazia e preconceituosa. Eu li o Crepúsculo, A menina que roubava livros e O Caçador de Pipas. Não tive coragem de me aventurar por nenhum do Dan Brown (mas assisti o Código Da Vinci) e Harry Potter fiquei só nos filmes mesmo. Minha opinião sobre essas "obras" é embasada. Não a divido aqui pra me poupar de aguentar comentários irados contra mim.
Sou do tempo em que se escolhia com quem dividir gostos e opiniões, e não se jogava pensamentos numa rede virtual para quem os quiser apanhar. É isso o que faço aqui no blog - que, alíás, é lido quase exclusivamente por amigos (reais, não virtuais) - e é o máximo que dou conta por enquanto. Tem sido uma experiência interessante, mas ainda não estou pronta para o twitter e redes sociais temáticas!

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