Nossa rica língua portuguesa nos dá uma gama variadíssima de recursos, dentre os quais as figuras de linguagem, que insistimos em empregar indevidamente, maltratando sem comiseração a língua pátria.
Uma dessas figuras, que sofre muitas torturas, é o eufemismo.
Ele deveria ser um instrumento da ironia, do sarcasmo, da sutileza e da delicadeza. Mas é, em geral, ofensivamente utilizado para a hipocrisia social, que muitos tratam por "politicamente correto".
Tem coisa mais irritante do que alguém chamar de secretária sua empregada doméstica, faxineira ou diarista?
Pior: - É aquele moreno ali! - Você olha, o cara é mais preto que o Odivan... Tá. Isso não foi nem exagero, foi o avesso do eufemismo. Mais preto que o Odivan não há. Mas enfim, o cara parece feito de vinil e um imbecil o chama de moreno!
Tem também o cheinha. Quando você vai ver, é uma gorda de 220kg, que tá mais pra lotada, empapuçada, explodindo, Mineirão em dia de Atlético e cruzeiro.
Igualmente chato é quando alguém quer te dizer que o cara é gay e diz que ele é sensível.
Eu sei que vocês conhecem bem o meu gosto pelo exagero. Mas não se enganem... eu aprecio muito mais um eufemismo bem empregado do que qualquer tosquice. Mas também reconheço a dificuldade de fazer bom emprego do eufemismo, da delicadeza, da sutileza. Mas, meu amigo, se você não é nenhum Saramago ou Quintana, abuse da grosseria!
A grosseria e a tosquice também comunicam. Com grande eficácia, clareza, objetividade e maior assertividade do que qualquer eufemismo (bem ou mal empregado). Pois não há o risco do mal entendimento e, menos ainda, da hipocrisia.
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