segunda-feira, janeiro 12, 2009

Absurdos e distâncias incalculáveis do mundo virtual

É incrível, realmente inacreditável que, por deficiência da língua, ou melhor dizendo da linguagem (não está no português, mas nas limitações da comunicação entre os homens) de alguma maneira estamos, Saramago e eu, incluídos numa mesma categoria: a de blogueiros.
Tal fato me deixa estupefata, encabulada e tímida. Desde que descobri O caderno de Saramago, me faltam coragem e palavras para escrever aqui. Podem já ter reparado os meus escassos leitores - que bem sei o são por amizade - que cada vez mais aparecem por aqui vídeos e menos palavras.
Há meses venho acompanhando "o caderno" e, há meses, venho tentando me convercer de que devia mesmo é encerrar as atividades por aqui. Não o fiz por puro apego e necessidade de dar vazão a pensamentos, que esses não cessam nunca.
Me perguntam então: se não faltam pensamentos, por que faltam escritos aqui neste seu espaço? Bem, pensamentos não os faltam nunca. Ao contrário, são cada vez mais e mais variados. O que faltam são palavras? Tão pouco. As palavras sempre faltaram. A todas as línguas e linguagens, a todos os escritores de todos os estilos. Os bons e os maus. Não falta, meus amigos. Sobra. Sobra vergonha na cara e recenhecimento de nunca poderei por pensamentos em palavras com a competência, a exatidão e a capacidade de encantar com que o faz um outro blogueiro. O Saramago, claro.
Ficava eu tranquila enquanto o ídolo era simplesmente o melhor escritor vivo, e talvez o melhor escritor que já houve, na minha modesta opinião e seguramente no meu gosto, a escrever livros. Mas meteu-se Saramago a ser blogueiro. Como podemos, eu e Saramago, ser uma mesma coisa, que não apenas humanos, categoria que cabe quase tudo.
O que preciso é me iludir com a idéia de que na internet, assim como na condição de ser "humano", também se pode por de quase tudo. Posso por minhas idéias com limitada capacidade de expressão. Pode por suas idéias Saramago, para deleite de quem o acompanha na internet, bem como nos seus livros.
No fim, apesar das inquietações - que acredito serem sempre de bom proveito para quem delas se atente - e do desânimo em seguir escrevendo que me bate a cada leitura no blog do José, só posso agradecer ao amigo Fernando Americano, que foi quem me apresentou "o caderno" e com quem divido a admiração pelo ídolo literário.

Um comentário:

Patux disse...

Oh minha cara... lamento confirmar, mas palavras (termos) sempre faltarao para tornar entendivel (isso eh um erro ou um neologismo?) as ideias que esta maquina fabulosa chamada MENTE/CEREBRO eh capaz de produzir. Seja bem vinda ao clube dos que lutam para nao desistir de escrever ideias, provocar atitudes inteligentes e calar a boca (se possivel) de quem soh diz abobrinhas, mas que se depara com as limitacoes linguisticas (agora um pouquinho mais confusas com as novas regras do nosso amado portugues!). Mas nao deixe de escrever, nunca, jamais!! Lembre de quanta porcaria eh produzida (como aquela porcariad o funk) e ajude a humanidade a produzir um minimo de qualidade textual... POR FAVOOOOR!! Fortissimo abraco! Se eu puder algum dia contribuir, conte comigo!!! Au revoir!!