quinta-feira, abril 24, 2008

O carro preto e suas histórias

Se chama Astree, a fofa que conversa comigo no meu carro.
Sim, tem uma fofa que conversa comigo no meu carro. Ela me diz pra pronunciar um comando, mas raramente entende o que digo. Sempre confirma, como quem diz "é isso mesmo que você quer fazer?". Não bota muita fé em minhas escolhas, eu acho. Eu digo - chamar Dudu. E Astree retruca - Dudu. Chamar? - E quando eu digo "sim", ela desliga na minha cara e bota a música de volta. Tentei dizer "siiiiiiiim". Não adiantou. Então tentei uma abordagem mais Golum, e disse "sssssssim". Astree entendeu e obedeceu.
Desde que a batizei, ela tem sido menos geniosa e tem obedecido mais. Estamos nos entendendo. Acho que Astree é católica e temia o limbo.
Escolhi esse nome quando Ézio contou que assim se chamava uma médica que o atendeu em Angola, numa das 284 em que ele teve malária. O nome completo é Astree lu Mulu de Bandilah. Ela achou o nome Ézio Fabrício muito estranho, parecido com nome de peça de helicóptero.
A Astree que mora no meu carro acumula as funções de telefonista, dj, opera o computador de bordo, lê minhas mensagens. Entendo que fica muito aterefada e às vezes se confunde. Quando gosta de uma música, Astree a repete várias vezes durante o dia. Tem um sotaque muito diferente, que não consigo identificar. É incapaz de reconhecer sinais gráficos (acentos, trema, til...) e acaba falando de uma maneira bem peculiar.
Mora no carro e não tem convívio social. Deve ser isso.
Ah... por todo negro, se llama Diego de la Vega, el coche. Por supesto!
Don Diego, para vosotros.
Polly Parker preteriu o Polo prata por um Punto preto.
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Call me P.

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