quarta-feira, dezembro 29, 2010

99 não é 100.

Ontem assisti ao programa Milênio da Globo News, cujo entrevistado foi Moby. Assisti meio por acaso, porque estava zapeando à toa. Foi um desses felizes acasos (Serendipity =]). Depois de descobrir muita gente interessante e admirável no Iconoclasts, exibido pelo GNT e pelo FTV, descobri o respeitável e encantador Moby, nesse programa que raramente assisto.
Não sei avaliar Moby enquanto músico, pois conheço pouco, quase nada, de sua obra (mas procurarei conhecer, seguramente) e ainda porque entendo de música eletrônica como entendo de motores a combustão. Mas fiquei fã do cara que procura contribuir efetivamente para tornar o mundo um lugar mais saudável, para melhorar a vida de pessoas. Recomendo fortemente que veja o programa se, como eu, você fica feliz em saber que há pessoas por aí que fazem diferença, que dão razões para crermos na humanidade e num mundo mais habitável, sustentável do ponto de vista social.
A entrevista é focada no filme Lixo Extraordinário (que parece ser muito, muito legal), cuja trilha é de Moby, mas são abordados diversos assuntos.
Mesmo em seu ativismo e seu veganismo, Moby não é um chato radical, que prega suas ideias como quem prega a verdade. Ele simplesmente espalha o que pensa e COMPARTILHA, no sentido mais amplo da palavra, seu trabalho, sua energia, sua crença.
Muito do que ele falou o colocou na minha lista de pessoas que gostaria de conhecer, mas o fato de ele trabalhar com Oliver Sacks foi determinante. Oliver Sacks é um dos profissionais mais impressionantes da medicina em todo o mundo. Meu primeiro contato com seu trabalho foi o interessantíssimo livro "O homem que confundiu sua mulher com um chapéu", que tive que ler para a disciplina de neuroanatomia, ainda no segundo período da faculdade. Muitos de vocês devem também ter algum contato com sua obra através de dois filmes inspirados em livros dele: À primeira vista" e "Tempo de despertar".
Esse neurologista tem o dom de escrever os casos clínicos de forma acessível, mostrando a leigos a realidade de pessoas com os mais diferentes distúrbios neurológicos. Minhas referências teóricas me levaram a uma prática clínica muito distante da de Sacks, mas seu trabalho teve grande impacto sobre mim e admiro muito a maneira como ele procura verdadeiramente inserir socialmente os portadores de doenças neurológicas, não só preparando-os para tal, mas também esclarecendo e desmistificando as doenças para a sociedade como um todo.
Moby trabalha com Sacks por meio da musicoterapia, de forma a melhorar a qualidade de vida dos pacientes. E, bem, me interesso por qualquer trabalho voltado a melhorar a vida das pessoas. Sobretudo de pessoas que sofrem com tantas limitações e dificuldades.
Pra quem tiver interesse, o programa pode ser assistido aqui. Muito legal também é o site do Moby, onde há uma seção (Gratis) na qual diretores de filmes independentes podem pegar músicas gratuitamente para servir de trilha para seus filmes, mediante um simples processo de solicitação no qual a autorização é concedida após um silêncio de 24hs... is it cool or what? Há também seu twitter (@thelittleidiot).
Para ouvir, deixo a sugestão do entrevistador Jorge Pontual, já que não conheço a obra de Moby, como mencionei no início. Eis o link do Youtube para Last Night (a incorporação está desativada).


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