terça-feira, junho 05, 2007

E agora, José?

A história do golpe contra Chávez em 2002 e o fechamento da RCTV recentemente, se revela cada vez mais absurda.

Acabo de ler um texto no Terra, repleto de fatos, documentado inclusive por 2 vídeos que farão parte de um documentário de 2 irlandeses que estavam na Venezuela à época do golpe. Os fatos também farão parte de um livro, ainda inacabado, sobre toda essa história.

O texto revela a participação efetiva da mídia venezuelana no golpe de 2002. Não só da RCTV, mas também de outras redes privadas.

Há provas contra os envolvidos. O autor parece claramente condenar a mídia venezuelana, embora tente amenizar seu posicionamento, nada imparcial, com o seguinte parágrafo:

"São os fatos. E nem todo autoritarismo, nem todos os erros que Chávez cometeu e venha a cometer, servem, poderiam servir por outro lado, para justificar e esconder o erro brutal, definitivo, cometido pela mídia venezuelana."

A meu ver, o maior problema nisso tudo, é a ausência de ética!

Afinal, se os erros de Chávez não servem para justificar os erros da mídia, a recíproca também é verdadeira.

O que dá pra concluir, é que tá todo mundo errado. Todo mundo fez coisas terríveis, lamentáveis, anti-democráticas, que atentam contra os direitos humanos, contra a ética.

Há provas criminais contra inúmeros poderosos venezuelanos: da mídia, militares, políticos, empresários. Por que essas provas só apareceram agora, como que em defesa da atitude de Chávez? Cinco anos se passaram e só agora resolveram ser justos e dar a cada um o quinhão de culpa e responsabilidade que lhe cabe?! Por que deixaram essas pessoas atentarem contra o povo, abusando de sua boa fé, durante todo esse tempo?!

Chávez tem todo o direito de não renovar a concessão da RCTV. E o tinha desde 2002. Mas tem também o direito de confiscar seus bens e fazê-la cedê-los a um canal estatal, impossibilitando-a de transmitir sua programação mesmo em canal fechado? É uma pergunta, que fique claro. Não estou afirmando.

Tenho cada vez mais medo de Chávez, da mídia... e, mais ainda, desses súbitos cavaleiros da justiça, que num ataque de consciência, resolveram clamar que vejamos os dois lados, como quem pede que entendamos as atitudes alucinadas do presidente venezuelano, absolutamente justificáveis, mesmo que com 5 anos de atraso (nas atitudes do presidente e nos ataques por justiça e suposta imparcialidade).

Cada vez aprendo mais sobre a justiça na política: ela só deve ser imposta (não buscada, imposta) quando absolutamente necessário. Se um inimigo for tomado por vítima, mostramos as provas contra ele num evento distante. Caso contrário, elas permanecem guardadas até que delas se necessite para justificar uma atitude. Legítma ou não. Democrática ou não. Justa ou não. Ética ou não.

2 comentários:

Anônimo disse...

Eu acho que tudo recai no fato de que o que a gente faz é sempre legítimo e bem intencionado, já o que os outros fazem, principalmente que vá contra a nossa vontade e bom proveito, nem tanto. Mesmo que no fundo ambas sejam a mesma coisa.

Human Nature 101, I guess

Diandra disse...

Eu acho que tudo recai no fato de que o que a gente faz é sempre legítimo e bem intencionado, já o que os outros fazem, principalmente que vá contra a nossa vontade e bom proveito, nem tanto. Mesmo que no fundo ambas sejam a mesma coisa.

Human Nature 101, I guess