sexta-feira, outubro 27, 2006

Extemporâneo

Recebi esse texto por mail há muito tempo atrás. Provavelmente muitos de vcs já o conhecem, mas acho q/ vale a pena reproduzir assim mesmo. É MUITO engraçado. É grande, no entanto garante bastante diversão!


primeira festa de aniversário de Mano Wladimir

Por Vladimir Cunha

Em tempo: Mano Waldimir é o nome do filho da Marisa Monte.
Mano Wladimir está tenso. No colo da mãe, Marisa Monte, ele ainda nãoconseguiu entender exatamente o que está se passando. Ao seu lado,Carlinhos Brown conversa com Wally Salomão, que cita uma poesia de CaetanoVeloso, que dá um brigadeiro orgânico (sem chocolate e sem leite condensado,cortesia do buffet Doces Bárbaros) para Zeca, que leva um pito da mãe, PaulaLavigne.
Mano Wladimir está tenso. É a sua primeira festa de aniversário.
“Criança sã/De uma rã/Guardiã/Eu sou seu fã/Na manhã/Aramaçã/Cunhã”. Amúsica infantil escrita por Arnaldo Antunes especialmente para a festaé a trilha sonora da dança das cadeiras. Nada da Turma da Mônica, nada deatores desempregados vestidos de Pikachu. Aqui a coisa é diferente. MMresolveu ser mãe em grande estilo e contratou a Companhia Bufa de Artes ePerformances do Absurdo para animar a festa.
Fantasiado de Ed Motta, um ator recita detrás para a frente toda a obra de Eça de Queiroz para algumas crianças. Dooutro lado da sala, um grupo de clowns (sim, porque numa festa como essa éproibido ter palhaço) ensaia uma volta à posição fetal enquantoostenta reproduções dos parangolés de Hélio Oiticica. Num canto, CarlinhosBrown dá uma entrevista para uma repórter da revista Bravo, escaladaespecialmente para cobrir o evento.
- E aí, Brown? Está feliz com o primeiro aninho do Mano Wladimir?
- É uma coisa da modernidade nagô, no que tange a referência espaço/tempodo ciclo da história humana. O cósmico supremo da realização superlativa,a poética da bioenergia enquanto motor da sublimação ótica. É onde o eue o tu fundem-se na epiderme inconsciente.
- E o que você deu de presente para ele?
- Pensei na questão do pacifismo, na guerra como catalisador dasemoções humanas ao mesmo tempo em que atrai e repudia o ser. A máquinaceifadora que gera vibrações orgônicas, que tangencia e descontinua a unidade solardos povos.
- Como assim?
- Eu dei um boneco dos Comandos em Ação…
Enquanto as crianças não podem comer o bolo de cenoura, aniz e mel decana que traz estampado uma reprodução de O Abaporu, de Tarsila do Amaral,em sua cobertura - Marisa Monte serve a elas copos de suco de gengibre ebalas de cravo da Índia. Até que Paula Lavigne tem a idéia de chamá-las para umkaraokê.
Quem começa a brincadeira é Benedito Tutankamon Pedro Baby, cinco anose filho de um dos roadies de Arnaldo Antunes, que canta O Avarandado doAmanhecer, de Caetano Veloso. Em seguida é a vez de Zabelê Tucumã NhenhéÇairã, três anos e filha da empresária de Carlinhos Brown, que cantaAna de Amsterdã, de Chico Buarque. Ao saber que a próxima criança a cantar éa impronunciável Zadhe Akham Mahalubé Sinosukarnopatrionitnafilewathua,filha da copeira de Marisa Monte, Paula Lavigne acha melhor suspender okaraokê.
É hora do Parabéns a Você. Os convidados reúnem-se em torno da mesa. Eentão, Marisa Monte anuncia uma surpresa: quem irá cantar o Parabéns éCarlinhos Brown.
Brown, que andava meio sumido depois de sua entrevista para a Bravo,aparece vestido com um cocar feito de canudinhos de plástico, uma camisa dejornal e uma tanga de folhas de bananeira. Atrás dele, 315 percussionistas daTimbalada, um videomaker e quatro poetas marginais. Brown pega umgarrafão de água mineral e começa a cantar sua versão para Parabéns a Você:
- Vim para cantar/A tropicália alegria de um povo/Azul, badauê, zumbi/Elanão me quer/Mas sou um tacle regueiro/Viva o divino samba de João/Monarcona rua/Meu bloco chegou.
Arnaldo Antunes se empolga e começa a recitar poesias descontroladamente,Marisa Monte gorgeia e improvisa algumas melodias, a Timbalada toca umsamba-reggae, Paula Lavigne cai na farra e Caetano acha tudo “lindo”.O videomaker filma e Wally Salomão escreve o release. Os poetas marginaisaproveitam a confusão para roubar uns docinhos.
Um executivo de uma grande gravadora, que entrou de penetra, contratatodos os presentes e promete CD, DVD, livro, críticas favoráveis no New YorkTimes, participação de David Byrne e especial de televisão. Paracomemorar, Arnaldo Antunes põe um disco de Lupicínio Rodrigues. O ator vestido deEd Motta cospe fogo. Marisa Monte lê Mário Quintana em voz alta.
Mano Wladimir chora. É a sua primeira festa de aniversário.

3 comentários:

Anônimo disse...

olá, polly!

leio seu blog desde que ele passou a fazer parte do "respeitável público" do EC mas nunca tinha comentado.

adorei este texto! muito engraçado! será que aconteceu de verdade? pq, sinceramente, eu acho que deve ter acontecido, sim!
é a cara da marisa monte fazer uma festa de aniversário deste jeito!

gosto muito de arnaldo antunes, carlinhos brown, marisa monte, chico buarque, caetano veloso, djavan, paulo coelho, natiruts, raul seixas, e até do armandinho, (citado no post acima).
não tenho preconceito com músicas e artistas brasileiros! porém devo ressaltar que não suporto pagode, axé, braganejas e afins.

Anônimo disse...

Oi, Juliana!

Fico feliz em saber q/ vc lê o blog. Este texto é bem divertido, né? Imagino q/ a festa do Mano Wladimir não tenha sido mesmo muito diferente disso.
Confesso q/ tenho muita preguiça de grande parte da chamada "mpb". Não é preconceito... só não gosto mesmo. Já gostei muito, mas me cansou. Hj, só Chico Buarque. Ele é, e sempre será "meu líder", hehehehe.

PP disse...

Oi, Juliana!

Fico feliz em saber q/ vc lê o blog. Este texto é bem divertido, né? Imagino q/ a festa do Mano Wladimir não tenha sido mesmo muito diferente disso.
Confesso q/ tenho muita preguiça de grande parte da chamada "mpb". Não é preconceito... só não gosto mesmo. Já gostei muito, mas me cansou. Hj, só Chico Buarque. Ele é, e sempre será "meu líder", hehehehe.